O PLANEJAMENTO NA PRÁTICA DOCENTE
Gostaria
de propor uma reflexão sobre dois aspectos da prática docente: o seu caráter de
atividade intencional e o estatuto de profissão, o ofício da docência como
pertencente ao mundo do trabalho. Sob estas duas perspectivas, considero
relevante a leitura do artigo de THOMAZZI & ASSINELLI (2009) dedicado à análise de práticas de planejamento
pedagógico e atividades de leitura no ensino fundamental. A partir de entrevistas
com três grupos de professoras, a pesquisa explorou as relações entre o “individual”
e o “coletivo” na elaboração dessas atividades. As autoras chegaram à conclusão
de que tais relações são determinantes na maneira como se concebe e se constrói
o currículo nas instituições de educação.
Embora possamos nos inclinar a pensar
que a ação independente e individual do professor esteja associada a uma atitude
autônoma e de contestação dos mecanismos de controle institucional e que a ação
coletiva seja o seu contrário, de fato, a pesquisa constatou a ocorrência de
diferentes situações pelas quais podemos avaliar a relevância do planejamento
para assegurar o caráter intencional da ação pedagógica. Não há dúvida de que o
currículo é um instrumento de controle do trabalho docente, mas este aspecto
não é o único e nem acarreta necessariamente a eliminação da autonomia
intelectual do professor.
O currículo e os demais instrumentos de
organização e planejamento da atividade docente podem se apresentar também como
mecanismos de mediação do trabalho coletivo, quando estabelece graus bastante
amplos e diversificados de participação de estudantes de professores na
definição de metas, conteúdos, processos de avaliação e de revisão dos percursos
preconizados para a obtenção da formação escolar.
Ao se dispor a planejar suas atividades
profissionais, o docente assume o caráter intencional de sua ação pedagógica ao
mesmo tempo em que disponibiliza à comunidade escolar os meios para que esta
tome conhecimento de seu trabalho e possa avaliar o alcance se sua proposta. Sempre
corremos o risco de nos tornamos alvos de atitudes intolerantes e sentimentos
preconceituosos. Mas somente a transparência e a honestidade poderão proteger o
professor dessas ameaças.
Na prática planejada e organizada da
atividade docente também se revela o saber-fazer daquele que se dedica ao
ofício de ensinar, onde o ouvir, o falar, o pensar e o escrever emergem como
habilidades e competências cujo domínio envolvem o manejo de técnicas pelas
quais se reconhecem uma profissão que, apesar de sua natureza altruísta, deve
ser valorizada como um trabalho dignamente remunerado e socialmente relevante.
REFERÊNCIA:
THOMAZZI Áurea
Regina Guimarães & ASSINELLI Thania Mara Teixeira. Prática docente:
considerações sobre o planejamento das atividades pedagógicas In: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40602009000300014&script=sci_abstract&tlng=pt.
Um dos grandes desafios do estudande que um dia virá a se tornar professor de filosofia é superar a vaidade pessoal e admitir que não basta a erudição, não basta conhecer bem esse ou aquele filósofo ou dominar seus respectivos sistemas. É preciso admitir a necessidade do dominio da técnica de transmissão que envolve, a meu ver, algo muito além do aparato didático.
ResponderExcluirÉ claro que os instrumentos à disposição que vão desde midias ao uso do quadro são necessários e mesmo indispensáveis, mas o principal arsenal do professor de filosfia continua e continuará a ser por muitos e muitos anos a fala, ou o discurso. Por isso, a necessidade de se fazer entender e de usar uma linguagem que seja capaz de revelar-se como instrumento de sensibilização ao tema, bem como valer-se de uma linguagem simples que não importe na imprecisao ou vulgarização e mesmo desvirtuamento do conceito filosófico.
Sem dúvida um grande desafio que só o empenho e a expressão "só sei que nada sei" poderá moldar na vida e missão dos futuros docentes de filosofia.
Prezado Iran,
ExcluirObrigado e Parabéns por sua manifestação.
Acho que podemos explorar mais e com melhor qualidade as ferramentas das Tecnologias de Informação e Comunicação, popularmente conhecidas como TICs. O seu uso não dispensa de maneira alguma os encontros presenciais do Professor com os estudantes. Uma das vantagens que identifico nestas ferramentas é a determinada pelo fato de que as postagens permanecem disponíveis o tempo suficiente para que os estudantes amadureçam a compreensão das noções lançadas ao longo das aulas e demais atividades de ensino-aprendizagem. Esse tempo é necessário para assimilar o significado dos enunciados, comparar as diferentes formas de entendimento do texto e relacioná-lo ao tempo presente ou às inquietações. Os documentos aos quais chamamos de "Planejamento Pedagógico" são de fácil confecção, mas de difícil execução devido à sobrecarga de trabalho e outros fatores imponderáveis na rotina do professor. Mas você tem razão sobre a atenção que devemos prestar às habilidades no uso da linguagem, tanto na escrita quanto na fala, devido ao fato de que nela se encontram os recursos pedagógicos mais relevantes do docente de filosofia.
Outra dificuldade se encontra no exercício da probidade intelectual pois a posição do docente muitas vezes é confundida com a do Mestre em relação aos discípulos. Ora, o docente de filosofia ao qual nos referimos é o que atua nas escolas do sistema oficial de educação, que a lei afirma ser de caráter leigo, assegurando a liberdade de expressão, a pluralidade cultural, o respeito às diferenças e a gestão democrática do ensino.
Veja como Nietzsche lida com esta questão:
“Mestres e alunos. Faz parte da humanidade de um mestre advertir seus alunos contra ele mesmo.” (https://citacoes.in/citacoes/110151-friedrich-nietzsche-mestres-e-alunos-faz-parte-da-humanidade-de-um-me/).
No exercício de nosso métier, precisamos manter junto ao nosso entendimento esse preceito.
Abraço!
Bom Trabalho.
A prática docente em filosofia no momento atual se mostra duvidosa e principalmente mau interpretador. Por isso acredito que a resposta virá mostrar em favor da filosofia que existe veracida sólidas de que o ensino em filosofia contribui com desenvolvimento e crescimento dos estudantes e cidadãos . Por isso os preconceitos e pseudos entendedores, seram respondidos pela dissiminação por instrumentos de comunicação sociais ou telecomunicações assim como esse blog mostrando autonomina e serviço em aprender filosofia.
ResponderExcluirComo já mencionado acima, é deveras importante que o futuro docente passe por cima do seu ego para poder adquirir empatia com seu próximo, principalmente quando se trata de seus alunos para não impor perante eles suas concepções, crenças ideológicas e até mesmo seu lado emocional de forma autoritária em sua intenção pedagógica. Deve-se tomar uma ação/posição apática em relação a sua própria vaidade/vontade individual para então levar em consideração as dificuldades enfrentadas pelos alunos e as vantagens que os mesmos vão adquirir pelo planejamento educativo que o professor irá realizar. Desse modo, é possível perceber que o processo de aprendizagem não é apenas individual, mas sim coletivo de maneira que as duas partem, tanto o educando quanto o educador saiam beneficiados, o professor sendo reconhecido pelo seu trabalho emancipatório e conscientizador e o aluno podendo adquirir sua autonomia ética, moral, política, entre outras, na forma de pensar, agir conscientizando-se sobre sua posição como cidadão na sociedade.
ResponderExcluirPrezada Blenda,
ExcluirObrigado por aceitar o desafio que lancei ao propor a utilização deste recurso tecnológico para o desenvolvimento das atividades de nossa disciplina. Por ser um meio de comunicação público e gratuito, ele está à disposição de todos. Embora ainda tenhamos um grande número de "excluídos digitais", acredito que o blog facilita a vida de professores e estudantes no que tange à comunicação, à interação e ao acesso às referências bibliográficas, aos filmes, programas de tv e outras mídias interessantes para a promoção do aprendizado.
O "Espaço Público" é uma dimensão da vida social que precisamos recuperar. Hoje, nossa sociedade não sabe ou não consegue separar o que é de interesse público e o que pertence à vida privada. No espaço público, a liberdade de expressão é o que se exige para que a humanidade possa alcançar os seus fins e desenvolver as suas potencialidade ao passo que a vida privada concerne aos sentimentos íntimos dos indivíduos e às relações afetivas, aos vínculos de solidariedade da família, da religião ou de afinidades recreativas, etc.
No exercício da docência, há o aspecto institucional, pois o currículo é uma norma que se impõe como conjunto de saberes, valores e competências a serem desenvolvidos obrigatoriamente na prática escolar ou acadêmica. Tal obrigatoriedade, porém, não se contrapõe à liberdade de pensamento, ao respeito às diferenças e menos ainda ao propósito da educação que, no Brasil, é a de promover a autonomia intelectual, ética, política e profissional dos cidadãos.
Proponho que continuemos a conversar e a estimular todos os estudantes da disciplina a participar deste fórum.
Cordialmente,
Nelson Noronha
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ de suma importância que a HUMILDADE esteja presente na pratica docente levando em conta os saberes dos outros colegas, destaco acima a palavra pois, é necessário deixar de lado o aspecto de vaidade para assumir uma profissão que irá formar bons cidadãos dialogando sobre os temas relacionados a moral, ética e a politica. sabemos que tanto no individual como no coletivo o aprendizado é relevante, porem acredito que coletivamente aprende-se mais, com isso temos os avanços pedagógicos que levam a acreditar que é possível alcançar os objetivos dentro do planejamento, a responsabilidade de organizar o que se deve falar e praticar em salas de aulas tem um papel de importância para que não prejudique o próprio professor. dessa forma o planejamento na pratica docente possibilita a intenção de uma técnica de ensino-aprendizado para garantir um inicio de reflexão sobre o que ensinar, e como envolver os alunos nas disciplinas, formando pensamentos de criticas constritivas para compartilharem com a sociedade.
ResponderExcluirCaríssima Érica,
ExcluirObrigado por sua participação. Apostei muito nessa atividade. Nem o entendimento a propósito dos parâmetros para a formação do Professor de Filosofia para o Ensino Médio nem o esforço para a redução da distância entre a teoria e a prática docente alcançaram o patamar desejado pela sociedade no Brasil. A aprovação recente de políticas públicas visando a universalização do acesso à educação pública e de qualidade é prova de que existe uma vontade política no Brasil concernente à promoção da inclusão social mediante a ampliação do acesso à educação fundamental e ao ensino superior. Mas devemos reconhecer que também existem obstáculos que dificultam o avanço dessas políticas públicas. Alguns desses obstáculos são explícitos mas outros são velados.
O que você disse é pertinente e oportuno. Existe uma maneira de pensar a educação como processo de acúmulo de informações e como desenvolvimento de habilidades individuais, sobretudo concernentes à habilitação para o trabalho. Na verdade, essa forma de conceber a educação é dominante na sociedade brasileira e isso repercute nas instituições de ensino. Aliás, os sistemas de avaliação da aprendizagem reforçam-na ao focarem os instrumentos de aferição do domínio e da proficiência dos estudantes nas componentes curriculares de seus cursos no desempenho individual, sem levar em conta o contexto coletivo da educação.
As política públicas a que me referi acima dão destaque à cooperação como princípio norteador do Planejamento e da Execução das atividades de ensino-aprendizagem. Não se trata de novidade nem de modismo, pois já encontramos esse conceito no trabalho desenvolvido por Platão e seus alunos na Academia. Aristóteles fundou a mais notável das instituições de educação e pesquisa, na Antiguidade, tendo como diretriz de trabalho a filosofia como modo de vida virtuosa e a cooperação como modo de concretização desse modo de vida.
Na passagem do século XIX para o século XX, a pedagogia pragmatista de Jonh Dewey proporcionou uma visão social da educação como instrumento de compreensão e de adaptação das pessoas ao mundo em que vivem e não como mecanismo assegurador dos privilégios da classe dominante. Em sua filosofia, a ligação do ensino com a prática cotidiana é crucial para assegurar a integração do indivíduo à sociedade. Esta integração é a base para a construção de uma sociedade democrática e o desenvolvimento dos indivíduos como pessoas. O desenvolvimento do raciocínio crítico e a capacidade de resolver situações da vida, ao seu ver, estão estreitamente associadas à ação educativa como elemento fundamental de aperfeiçoamento das relações sociais. Ou seja, ao contrário do pensamento dominante nas instituições de educação, no Brasil, esse notável filósofo-educador aposta no trabalho coletivo como caminho para a formação de uma sociedade justa, igualitária e plural, avessa à manutenção de privilégios e à formas de governo autocráticos.
Um bom trabalho.
Nelson Noronha
"...saber-fazer daquele que se dedica ao ofício de ensinar..."(parágrafo 5)
ResponderExcluir1. Dedicação
2. Ensinar
Dois itens relevantes para aquele que será participante e ativo em sala de aula e que visa na formação de seu discente. Lembro-me do que Tomás de Aquino já aconselhava quanto ser professor/educador: é preciso ter espontaneidade, ânimo e paciência. A partir disso, entender que o educador é Mestre que contribui para formação, e sua dedicação é indispensável quanto mais o SABER-ENSINAR.
ps: Vanessa
ExcluirOcorreu um problema na identificação do usuário